Nesta visão Deus mostrou a Elias o tempo em que seus discípulos veriam nascer aquela nuvenzinha (ou seja, a Virgem Maria), e subir do mar da amarga e manchada natureza humana. Na mesma visão se significou que ninguém a veria subir antes que ele subisse uma vez pelos dez escalões e olhasse o mar, e logo voltasse a olhar o mar outras sete vezes pelos mesmos escalões, uma vez que Elias disse ao seu criado: “vai e observa o mar. O criado foi e voltou dizendo que não havia nada.

Agora pergunto: que significa o criado de Elias subir uma vez os dez escalões para olhar o mar e não ver nada especial?

Certamente isto quer dizer que o criado, ou seja, a Congregação dos discípulos de Elias, subiu meditando primeiramente por aquelas dez gerações humanas que São Lucas põe na genealogia de Cristo e existiram antes do dilúvio na primeira idade do mundo desde Adão até Noé e examinando desde Noé até Adão se neste tempo se via alguma nuvenzinha que nascesse em frente ao mar, isto é, contra e fora da descendência amarga e triste da natureza humana, e não vendo naquela primeira idade do mundo nuvenzinha ou jovenzinha semelhante, o criado ou a Congregação de religiosos disse: não há nada.

Obedecendo ao mandato de Elias voltou o criado ou congregação, outras sete vezes a olhar o mar pelos mesmos dez escalões; volta outras sete vezes; nas seis primeiras não se apresentou nada diante de seus olhos.

Que o criado, ou seja, a Congregação dos discípulos de Elias voltasse a subir os dez escalões e não visse nada, significa que continuou examinando e olhando por outras seis décadas de gerações humanas escritas por São Lucas na genealogia de Cristo desde Sem, filho de Noé, até Jamne, filho de José.

A primeira década destas gerações começa em Sem, filho de Noé e termina em Tare, filho de Nacor.

A segunda começa em Abraão, filho de Tare e termina em Salmon, filho de Naasão.

A terceira começou com Booz, filho de Salmon, e terminou com Joná, filho de Eliaquim.

A quarta começou com José, filho de Joná, e terminou com Elmadon, filho de Her.

A quinta começou com Cosan, filho de Elmadan e terminou com José, filho de Judá.

A sexta começou com Semei, filho de José, e terminou com Jamna, filho de outro José.

O criado, ou seja, a Congregação dos discípulos de Elias, subiu examinando e meditando por estas seis décadas escritas por São Lucas na genealogia de Cristo, isto é, por todo o transcurso de tempo que passou desde Jamne até Sem, observando se neste tempo havia aparecido a nuvenzinha, ou seja, a meninazinha, e como em todo este tempo não havia nascido, os discípulos de Elias não puderam vê-la.

Mas quando voltaram pela sétima vez, a nuvenzinha lhes apareceu por que no tempo que transcorre durante a sétima década daquelas gerações, nasceu a Virgem Maria e os discípulos de Elias a viram.

Na sétima vez, eis que subia do mar uma nuvenzinha pequena como a pegada de um homem.

O referido Jamne em quem termina a sexta década daquelas gerações teve um filho a quem pôs o nome de Melqui; e neste filho começou a sétima década destas gerações.

Este Melqui foi pai de Levi e Levi teve dois filhos: um a quem São Lucas chama Hatat, porém outros chamam Melqui, conservando o nome do avô; e outro filho chamado Panter. Este Panter teve um filho chamado Bompanter e Bompanter teve Joaquim, casado com Ana, de cujo matrimônio nasceu a Virgem Maria. E assim, na sétima vez que voltou, ou seja, naquela década das gerações correspondente à sétima (isto é, desde Sem, filho de Noé), ou seja, desde que, depois do dilúvio, Deus mandou aos homens que voltassem a povoar a terra, nasceu a Virgem Maria, até a metade desta sétima década e morreu antes que terminasse este década de gerações.

Mas antes que Deus levasse a Virgem Maria deste mundo, a visitaram muitas vezes em Nazaré, em Jerusalém e em outros lugares, os religiosos que pertenciam a esta religião.

*Livro da Instituição dos Primeiros Monges Fundados no Antigo Testamento e que perseveram no Novo, por Juan Nepote Silvano, Bispo XLIV de Jerusalém.