Segundo relatório da ONU, o lar é o local mais perigoso para as mulheres, já que 60% delas foram vítimas de parceiros ou outros membros da família
Imagem de campanha que incentiva mulheres vítimas de violência peçam ajuda por meio de um X vermelho desenhado na palma da mão; iniciativa foi criada em 2020 por AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e CNJ (Conselho Nacional de Justiça) - Divulgação
Viena (Áustria) | AFP
Ao menos 85 mil mulheres adultas e jovens foram assassinadas de forma intencional no mundo em 2023, segundo os números publicados nesta segunda-feira pela ONU, "um nível alarmante" de mortes que poderiam ter sido "evitadas".
"O lar continua sendo o lugar mais perigoso para as mulheres, 60% delas foram vítimas de seus cônjuges ou outros membros da família", afirma o relatório do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) e da ONU Mulheres. Este 25 de novembro é reconhecido pelas Nações Unidas como Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Os números significam 140 mortes por dia ou 1 a cada 10 minutos. Um fenômeno "que atravessa fronteiras e afeta todas as classes sociais e faixas etárias", com o Caribe, a América Central e a África como as regiões mais afetadas, à frente da Ásia.
Nas Américas e na Europa, os feminicídios são cometidos majoritariamente pelo parceiro, enquanto no resto do mundo outros membros da família são os mais envolvidos nos crimes.
Muitas vítimas relataram que sofreram violência física, sexual ou psicológica antes de morrer, segundo dados disponíveis em alguns países. "Isto sugere que muitas mortes poderiam ter sido evitadas", afirma o estudo, por exemplo, com "ordens judiciais".
Nas regiões onde é possível estabelecer uma tendência, a taxa de feminicídios estagnou ou diminuiu levemente desde 2010, o que demonstra que esta forma de violência "está enraizada nas práticas e normas" e é difícil de erradicar, aponta a ONUDC, que analisou os números de 107 países.
Apesar dos esforços em vários países, "os feminicídios permanecem em um nível alarmante", apontam os autores. "Mas não é inevitável", segundo a diretora da ONU Mulheres, Sima Bahous, citada em um comunicado, que pede aos países que reforcem a legislação e melhorem a coleta de dados. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br